Ícone do site Psicóloga Danielle Vieira

A difícil tarefa de fazer escolhas.

A liberdade pressupõe que o sujeito é responsável pela suas decisões, é ele quem agora pode ser livre e escolher o rumo da própria vida, há de ser um alívio quando se descobre em análise que é possível, aos poucos, se responsabilizando e encontrando formas de criar algo próprio na vida.

Nesse processo aparentemente libertador aparece a angústia, porque oras, agora me sinto pronto para tirar o pé, ao menos um, das narrativas do outro, daquilo que eu achava que deveria ser ou achava que o outro achava que queria que eu fosse.

Assim nasce um sujeito, imerso na angústia de constituir um si-mesmo, de ter que usar de sua criatividade e da possibilidade de sustentação de um não-saber, não saber se suas decisões e escolhas serão boas ou ruins, quais consequências ou arrependimentos trarão e aqueles famosos: e se; e se; e se; que aparecem no árduo caminho de tornar-se sujeito.

Esse incomodo que aqui chamo de angústia se mostra valioso, faz com que o sujeito então possa avaliar melhor suas escolhas e ir se inscrevendo no mundo, mas também se mostra dolorido, pesado, a depender da capacidade de cada um poder suportar o conflito e um certo desamparo de uma vida própria.

Ser livre é uma faca de dois gumes, pode ser uma benção e uma maldição ao mesmo tempo, como diria Sartre “o homem está condenado a ser livre” e a tarefa do homem é a de fazer-se porque ele não é. A liberdade é precisamente o nada que tendo sido no âmago do homem, obriga a realidade humana a fazer-se em vez de ser.

Nesse momento sobram as lembranças de dias mais fáceis, de quando não era preciso decidir nada, porque havia quem estava ali decidindo por nós, dizendo o que ser e o que fazer. O processo de independência passa pela capacidade de suportar a perda, mas para suportar a perda temos que ter um percurso de amadurecimento para ter o objeto e entender o que é uma perda, ou seja, é preciso experienciar a dependência absoluta de um outro para então tornar-se independente, aceitar as perdas, tomar decisões, tornar-se si mesmo. Talvez essa seja uma das grandes tarefas da vida e de uma análise.

 

Autora: Danielle Vieira – Psicóloga em Bragança Paulista e São Paulo – SP, CRP 06/131376.

Sair da versão mobile