Uma pesquisa de 2021 feita pelo Indeed, site de empregos, mostra que os millenials e a geração Z, ou seja, os nascidos a partir de 1981 em diante, relataram os maiores números de Burnout, 59% e 58% respectivamente. Outra pesquisa feita em 2022 pela plataforma Asana, mostrou que a Geração Z de trabalhadores está reportando sintomas de burnout mais do que outros grupos de de outras idades, além disso, estudos mostram que 80% dos entrevistados se sentem mais esgotados desde a pandemia, comparado a números de 73% nos outros grupos de outras idades.
Quando comparados, os estudos mostram que ano após ano, os sintomas de Burnout, o stress relacionado ao trabalho, só vem aumentando. A pergunta que fazemos é: Por que tantos jovens já se sentem tão esgotados muitas vezes ainda no início da vida profissional?
Alguns especialistas relacionam isso à fatores estressores em excesso que contribuem para um burnout, como por exemplo a pressão pela performance no trabalho, a dificuldade em impor limites, a exigência de entregas em excesso, o excesso de tempo em diferentes tipos de tela, e em situações agravadas pela pandemia como a falta de limite de horários para trabalhar com a implementação do Home Office.
Além disso, outros fatores contribuem para a coleção de fatores estressores, como a constante preocupação com dinheiro, a alta inflação, a instabilidade nos preços dos produtos e bens que dificultam e até impedem que jovens possam conquistar, com os salários atuais, uma casa própria ou uma estabilidade financeira, com isso a pressão interna e externa é somada e combinada com a velocidade das mudanças, o excesso de informações, as mídias sociais a necessidade de ser, ter, parecer, se torna um avalanche cada vez mais perigosa e difícil de suportar.
Uma pesquisa realizada pela Delloite mostrou que 41% dos millenials e 46% da Geração Z se sentem estressados a maior parte do tempo ou todo o tempo sobre a sua condição financeira e é claro que isso sempre existiu, mesmo no tempo do nossos pais ou avós, mas os fatores estressores agora são diferentes e para dar conta dessas necessidades financeiras, cada vez mais os jovens aderem a trabalhos extras, o chamado freelancer após o expediente de trabalho ou aos finais de semana.
Muitos jovens também buscam empreender ao mesmo tempo em que possuem um trabalho fixo ou então criam conteúdos para mídias sociais a fim de obter alguma reputação que possa levar a compensação financeira, o tempo de tela inclusive é infinito, do computador para o celular, do celular para o computador e nas horas vagas a televisão para assistir uma série e relaxar. Após tanto tempo online os jovens passam a sentir dificuldade de se desconectarem dos aparelhos eletrônicos e tornam esse ciclo uma outra avalanche de ansiedade.
Todos esses fatores combinados podem explicar a onda de demissões em massa que vem ocorrendo nas empresas aqui no Brasil e em todo o mundo. As pessoas estão sobrecarregadas e frustradas com o trabalho, mas aqui não estamos falando de jovens que não sabem lidar com a frustração, estamos falando de pessoas de 20, 30, 40 anos, esgotadas com as demandas e com o sistema de trabalho que foi construído pelas corporações.
Autora: Danielle Vieira
Matéria inspirada na reportagem da BBC: Why Gen Z workers are already so burned out – BBC Worklife
Link para o estudo Delloite: A call for accountability and action (deloitte.com)