BREADCRUMBING
A nova assombração das relações afetivas e de trabalho
Alguma vez você já conheceu uma pessoa que parecia ser sua alma gêmea? Vocês flertaram, trocaram mensagens e as coisas pareciam fluir naturalmente. Você se sentia animado com o potencial desse novo relacionamento até que esperou por planos mais concretos, telefonemas ou até mesmo um pouco mais de atenção… mas isso nunca aconteceu. Você pode ter sido vítima de “breadcrumbing”.
Breadcrumb é um termo em inglês usado pelos profissionais da tecnologia de informação para expressar literalmente uma navegação por migalhas de pão ou trilhas de migalhas de pão, fazendo alusão à conhecida história de João e Maria.
Atualmente o termo “breadcrumb” foi incorporado para designar relações que fazem exatamente essa “trilha de migalhas”, o chamado de reforço intermitente. Quando você está quase esquecendo aquela pessoa, ela aparece e assim te mantém refém, apesar de não ter intenção de seguir em frente ela sempre dá sinais de interesse, seja uma mensagem, um like, um comentário, uma foto, ou qualquer coisa que possa te conectar a ela novamente.
Podemos dizer que o “breadcrumbing”, ou seja, o ato de espalhar migalhas virou uma praga, em especial nas redes sociais, sempre que possível a pessoa deixa aquele sinal de “oi, não esqueça de mim” e acaba não só frustrando o outro, mas também fazendo com que ele perca oportunidades reais de conhecer outra pessoa pois está sempre “amarrado”, na expectativa de que aquela pessoa irá fazer acontecer.
Em uma espécie de controle e dominação, quem pratica o breadcrumbing é completamente egoísta, é o ato consciente de manter alguém somente para alimentar o próprio ego.
BREADCRUMBING NO TRABALHO
O Breadcrumbing também pode ser descrito nas relações de trabalho e tem crescido exponencialmente com o aumento de profissionais liberais e consultorias, profissionais esses que usam como instrumento de trabalho seu conhecimento e criatividade, entre os exemplos podemos citar: escritores, profissionais de marketing, designers, profissionais de TI, advogados, professores, psicólogos, nutricionistas, consultores, entre diversos outros.
É bem comum amigos, familiares e até desconhecidos, pedirem favores ou “consultorias” sobre determinado assunto, explorando o conhecimento profissional e é claro sem a devida valorização financeira do trabalho.
De acordo com Ronaldo Lemos, pesquisados da área, outro fato que tem se tornado cada vez mais comum, são empresas que demonstram interesse no profissional, o convocam para uma reunião, pedem detalhes de como resolver determinada questão, investigam como você trabalha e com quem, tudo isso sem a menor intenção de estabelecer de fato um vínculo profissional.
O profissional por sua vez sente-se lisonjeado, uma vez que alguém parece ter de fato interesse em seu trabalho e após fornecer todo seu conhecimento depara-se com com a real situação: a empresa obteve tudo o que precisava e o profissional fez o trabalho de graça, compartilhando tudo o que sabe na expectativa de algo que não acontece.
É preciso estar atento, tanto nas relações de trabalho, quanto nas relações afetivas para não cair nesse jogo de manipulação. O breadcrumbing precisa ser levado a sério.
Autora: Danielle Vieira – Psicóloga em Bragança Paulista e São Paulo – SP, CRP 06/131376.