Angústia em Quarentena

Em questão de dias, os psicólogos e psicanalistas tornaram-se os alvos mais cotados para entrevistas por veículos de comunicação como jornais, revistas, canais de televisão e em diversas redes sociais. Todos na busca de ajuda e de alguma resposta que amenize o sofrimento durante a quarentena imposta pela pandemia em questão.

É difícil pensar em respostas que amenizem o sofrimento quando a situação, além de ser nova, trabalha com o que existe de mais real no ser humano, a aproximação da finitude, da morte. Situação essa que esvaiu nossas certezas, congelou o mundo em tempos compulsivos, parou aquilo que não podia se interrompido.

De repente, nada, vazio, silêncio, solidão. De repente, casa cheia, barulho, crianças demandando atenção em meio ao home office.

Como lidar com tudo isso? Como manter a saúde mental quando tudo aquilo que acreditávamos estar sob controle se mostra tão frágil?

A grande verdade é que não há respostas que abarquem a angústia de cada um, porque apesar de ser um momento comum à todos, não experienciamos ele da mesma maneira, cada um sente de forma diferente de acordo com seus recursos psíquicos, físicos, econômicos.

Ao se deparar com tudo isso, sem o menor aviso, alguns podem ter descoberto outra coisa que poderia estar escondida em um mar de tarefas, horários e preocupações: Você mesmo. Sim, esse você que existe para além do automático, esse você que passa a ter tempo suficiente para pensar na existência, repensar os vínculos feitos e os que gostaria de ter feito. Pensar que talvez tenha empregado seu tempo de maneira equivocada, que talvez deveria ter tomado outras decisões.

É um momento de angústia e ela precisa ser vivida, não há como escapar.
É preciso nesse tempo se permitir e não performar, como estamos acostumados na sociedade do espetáculo.
Permita-se um momento de descanso, um momento de entrar em contato com aquilo que você está sentindo. Está tudo bem não ver isso como uma grande oportunidade, está tudo bem também chorar, se sentir triste, perdido, com medo.

E se por acaso você conseguir enxergar esse momento como um ponto de mudança, aí sim, permita-se ir a fundo e desenvolver novas ideias, projetos, reinventar a rotina, planejar novos caminhos.

O mais importante nesse momento é respeitar aquilo que você está sentindo, se permitir sentir, falar com pessoas que você ama, mesmo que por videochamada, manter-se na realidade é essencial mas afundar-se nela pode ser extremamente perigoso, então selecione bem o que irá consumir na internet, faça ajustes na sua rotina e se for demais passar por tudo isso sozinho, busque ajuda profissional.

Essa matéria tem caráter informativo, se você se identificou com algum sintoma procura ajuda profissional de um psicólogo.

Autora: Danielle Vieira – Psicóloga em Bragança Paulista e São Paulo e fundadora do IIPB, CRP 06/131376.

 

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