O abismo entre o dizer e o amar.
As vezes dizer que ama parece com o ato de amar, mas existe um abismo entre eles, que ponte nenhuma parece conectar quando a pessoa não está realmente disposta a se entregar para o outro.
É simples olhar para o lado e ver pessoas que estão juntas mas pouco compartilham de seu mundo pessoal, apenas suprem uma necessidade, uma carência afetiva e preenchem um espaço fazendo com que a solidão possa ser estancada por alguns momentos. Pessoas que dizem qualquer coisa para manter o outro por perto mas não se envolvem com absolutamente ninguém, deixando um rastro de corações partidos.
No fundo essa parece ser uma tentativa desesperada de entrar em contato com algum sentimento ao mesmo tempo em que evitam ao máximo o envolvimento real com alguém que possa levar a qualquer tipo de sofrimento ou frustração, porque no fundo relacionamentos amorosos passam diversas vezes pelo mundo da frustração, do não-controle do outro, do rebaixamento das expectativas, da aceitação, da renuncia diária de se relacionar com outras pessoas, da monotonia que um relacionamento a dois pode trazer e de diversos campos que vão sendo explorados dia a dia em uma vida de entrega e dedicação ao outro.
Amar é construir mas amar também é destruir, destruir aquele império narcísico que reina em cada um de nós e que espera que o outro atenda a todas as nossas demandas.
Dizer que ama passa apenas pela elaboração das palavras, demonstrar amor, plantar amor, cultivar amor, passa pela elaboração de nossa maturidade psíquica, de nossa capacidade de entrega, da vontade de arriscar pisar em um campo desconhecido mesmo sabendo que ele pode ser um campo minado. Amar passa pela linha tênue entre perder um pouco de si mesmo e se encontrar em alguém.
Para passar do dizer para o ato de amar é preciso primeiro vencer muitas batalhas internas, poder deixar de lado a insegurança e o medo dos próprios sentimentos para então conseguir de fato enxergar o outro e poder se relacionar, confiar e amar.
Autora: Danielle Vieira – Psicóloga em Bragança Paulista e São Paulo e fundadora do IIPB, CRP 06/131376.
Amei!!
Com tudo que tive que destruir para com afirmar isso.