Pensar positivo funciona?
Pensar positivo, pensar somente no agora, concentrar nas coisas boas, esses tem sido discursos populares entre livros de auto ajuda, gurus, coachings e diversos métodos que dizem explicar através da neurociência o grande poder do pensamento positivo, encorajando seus seguidores a focar nesse aspecto da vida e que a partir dessa lei do retorno irá colher somente coisas boas, incentivando até a um certo desprezo ao lado “obscuro” da vida e seus pensamentos considerados maus.
Não que o pensamento positivo não possa ser benéfico de alguma maneira mas negar que existam outros tipos de pensamentos e emoções é justamente a causa de diversos sintomas estudados pela psicanálise há anos, sintomas psíquicos e físicos que aparecem justamente por que algumas idéias consideradas negativas não devem, segundo essa crença, aparecer em sua consciência, ou se aparecem devem ser eliminadas com mantras positivos.
Ainda assim é preciso diferenciar essa ditadura do pensamento positivo com pessoas que trazem em si um bom ânimo, boa autoestima ou até mesmo uma autoconfiança, isso são características que levam o sujeito pra frente, para a vida, suas ações e competência o levam a obter resultados positivos e negativos e não terceiriza essa responsabilidade da ação para o universo, para uma conspiração a favor do sujeito que traz pensamentos positivos.
Tentar “programar” o cérebro para ter pensamentos positivos pode trazer uma falsa sensação de estar no controle de seus próprios pensamentos e emoções, enquanto que lidar com pensamentos, desejos e emoções desconhecidos, “ruins” e obscuros é uma tarefa árdua e que geralmente é um dos trabalhos da análise, a descoberta e aceitação do obscuro, do desconhecido.
É só a partir dessa integração do “obscuro”, desse auto conhecimento é que seria possível ter algum tipo de controle sobre a própria vida e ser quem se é de verdade.
Autora: Danielle Vieira – Psicóloga em Bragança Paulista e São Paulo e fundadora do IIPB- Instituto Integrado de Psicologia Bragança, CRP 06/131376.